Venus2004.org > Les dossiers


Passagem de Vênus diante do Sol
Arkan Simaan, le 07/03/04

3°) A passagem de Vênus no século XVIII

Sir Edmond Halley (1656-1742), sábio inglês que deu seu nome a um cometa, alertou a comunidade cientifica, em 1716, para a importância da passagem de Vênus em 1761 para medir a distância da Terra ao Sol. Ele propunha que um astrônomo no hemisfério norte cronometrasse a totalidade do evento (seis horas), de maneira concertada com outro no hemisfério sul, o mais longe possível. Cada qual deveria obter uma corda diferente cortando o disco solar. Reunindo-as num único diagrama, elas mostrariam uma faixa de largura “e”: de acordo com o sábio, bastaria este dado para calcular a distância Terra-Sol com a excelente precisão de 1/500.

Evidentemente, esta técnica supunha viagens perigosas para regiões longínquas e desconhecidas do Oceano Índico. Pior ainda, ela obrigava os cientistas a multiplicarem o número de expedições: era impensável imaginar que um instante tão único pudesse ser desperdiçado por uma nuvem desastrosa. Conscientes de que nenhum observatório poderia arcar sózinho com uma operação de tal envergadura, os astrônomos europeus começaram a se coordenar ativamente, dez anos antes da data determinada, criando assim os primórdios da cooperação cientifica internacional.



Infelizmente, em 1756, estourou a Guerra dos Sete Anos, conflito feroz pelo controle das colônias, que incendiou o mundo inteiro, desde a Europa até o mais afastado continente, sem esquecer os oceanos. Mas os cientistas não se deixaram intimidar: atravessaram corajosamente as linhas de fogo. O navio de Charles Mason (1728-1786) e Jeremiah Dixon (1733-1779), por exemplo, foi quase afundado na saída do porto de Portsmouth. Apesar deste bombardeamento e das dezenas de mortos que ocasionou, os dois astrônomos ingleses reembarcaram sem tardar. No outro lado, Alexandre-Guy Pingré (1711-1796) foi abandonado sem recursos por corsários ingleses na Ilha Rodrigues, enquanto seu colega do Observatório de Paris, Le Gentil de La Galaisière (1725-1792), era impedido de desembarcar em Pondichéry: após errar onze anos pelo Oceano Índico ele voltou frustrado para a França. Tanta foi a determinação que as monarquias inimigas não tiveram outra alternativa senão autorizar a colaboração entre os cientistas.

Na ocasião da segunda passagem, em 1769, os astrônomos enfrentaram outra vez o desafio, mas o tributo foi pesado: o francês Chappe d’Auteroche (1728-1769) perdeu a vida na Califórnia e o inglês Charles Green, morreu durante a primeira viagem do célebre explorador James Cook (1728-1779). Evidentemente, a Inglaterra tinha-se aproveitado da ocasião para realizar também uma exploração colonial.

Embora as passagens de Vênus no século XIX não tenham tido a mesma importância para o conhecimento da distância Terra-Sol (que já era um problema praticamente resolvido), elas tiveram um forte impacto cientifico.

Para o trânsito de 1874, Pierre-César Jules Janssen (1824-1907) inventou um aparelho que tomava fotos em seqüência: o melhoramento dessa técnica (que se deve também a outras pessoas), permitirá rapidamente a aparição da cronofotografia e, em seguida, do cinema. Quanto à passagem de 1882, ela propiciou a fundação de um observatório astronômico para moças numa escola da África do Sul: exclusivamente feminino, ele promoveu durante muito tempo a entrada de mulheres num campo até então dominado quase unicamente por homens.


1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6         4 / 6


Écrivez-nous - Recommander ce site à un ami - Haut du site
© 2003-2006 Futura-Sciences.com. Tous droits réservés.
Indexator - Comparateur de prix - Revue de Presse